sábado, 19 de abril de 2014

Artigo "Que Deus é este?", publicado no JC, em 16.03.2014



Que Deus é este?

José Edson F. Mendonça


  Pesquisando acerca de Deus, na Internet, encontrei o artigo “Que Deus é este?”, do jornalista católico Reinaldo Azevedo, publicado na revista Veja, de 24.12.2008, no qual consta como subtítulo: “Em Auschwitz, no Gulag ou em Darfur, vê-se, sem dúvida, a dimensão trágica da liberdade: a escolha do Mal. E isso quer dizer, sim, a renúncia a Deus. Mas também se assiste à dramática renúncia ao homem”. O artigo se inicia com a afirmativa de que “Boa parte das nações e dos homens celebra, nesta semana, o nascimento do Cristo, e uma vez mais nos perguntamos, e o faremos eternidade afora: qual é o lugar de Deus num mundo de iniquidades? Até quando há de permitir tamanha luta entre o Bem e o Mal? Até Ele fechou os olhos diante das vítimas do nazismo em Auschwitz, dos soviéticos que pereceram no Gulag, da fome dizimando milhões depois da revolução chinesa? E hoje, ‘Senhor Deus dos Desgraçados’ (como O chamou o poeta Castro Alves)? Darfur, a África Subsaariana, o Oriente Médio... Então não vê o triunfo do horror, da morte e da fúria? Por que um Deus inerme, se é mesmo Deus, diante das ‘espectrais procissões de braços estendidos’, como escreveu Carlos Drummond de Andrade? Que Deus é este, olímpico também diante dos indivíduos?”

  Para o articulista e tantas outras pessoas que acreditam que o Homem tem apenas uma existência, é compreensível que não conciliem a infinita Justiça, Misericórdia e Amor de Deus com a cruel realidade observada no mundo. Para nós espíritas, no entanto, que cremos ser o nosso Pai criador a “inteligência suprema causa primária de todas as coisas” fica fácil entender que a Sua justiça e as Suas leis são perfeitas, porque a Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, atribui causa justa e fim útil a todas as dores.

  O Espiritismo - o Consolador Prometido por Jesus - explica de forma clara e lógica a ocorrência de fatos como os relatados pelo articulista, considerando o atual estágio evolutivo do Homem, ainda inferior. Esclarece que Deus não interfere nas ações humanas, não por ser inerme, mas por respeitar o livre arbítrio - liberdade de se fazer o Bem ou o Mal - de que dotou o Homem em sua criação. Por meio da Lei de Destruição - enfoca a crueldade humana como resultante da preponderância do Mal sobre o Bem, no nosso orbe de provas e expiações, no qual o ser humano ainda “precisa do mal para sentir o bem; da noite, para admirar a luz; da doença, para apreciar a saúde”. Na Lei do Progresso, mostra que este se faz de forma gradual, lenta e inexorável para todos os homens, tendo como instrumento principal a Reencarnação, que propicia o aprimoramento intelectual e moral, por meio de sucessivas existências, nas quais o homem promove paulatinamente a sua transformação interior, rumo à perfeição.  Sem as múltiplas existências não há como entender a Justiça Divina e o Amor incondicional de Deus, diante de tantas desigualdades e atrocidades flagrantes no nosso mundo.

  Deus deixa a cada Homem a responsabilidade do seu destino e “recompensará a cada um segundo as suas obras”, conforme afirma Paulo de Tarso (Romanos 2:6).
José Edson F. Mendonça é colaborador do Instituto Espírita Gabriel Delanne - Rua São Caetano, 220 - Campo Grande - Recife.

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